sexta-feira, 8 de julho de 2011

Problemas escolares

Em seu primeiro dia de aula, em meio à empolgação, risadas, material escolar novinho, cadernos branquinhos e sem nenhuma “orelha de burro”, os alunos entram na sala de aula em fila (sim, nesta escola, segundo a professora, ainda é assim), mas um deles insiste em empurrar os colegas, levando tudo o que encontra pela frente. A professora observa atentamente e pensa: “É apenas um aluno mais afoito querendo chamar a atenção.
Segundo dia de aula. Bate o sinal, e os alunos seguem em fila. Novamente o mesmo aluno empurra a todos. A professora escuta os colegas reclamando e citando seu nome até a sala: “Professora, olha o João* empurrando…”  A professora faz de conta que não ouviu, afinal, segundo dia de aula ninguém merece já dar bronca nas crianças. Solicita que todos tirem seu material para copiar uma pequena história do quadro. Todos atendem à solicitação, menos João, que diz não estar com vontade de fazer nada.
Mais uma vez a professora finge não ouvir e dá continuidade à aula. A todo instante é interrompida por João: “Professora, posso ir ao banheiro?”. A professora respira fundo e continua a conversa com as outras crianças. Vira para o quadro e um aluno grita: “Professora, o João veio na minha carteira e derrubou meu material no chão”. É pedido ao aluno em questão para juntar seu material e fazer de conta que nada aconteceu. Novamente a professora vira para o quadro e uma voz ecoa na sala. João resolveu cantar bem alto uma música. A professora conta até dez e mais uma vez pede que o aluno tire o caderno e faça um bonito desenho. Volta para aula, quando João resolve jogar sua carteira no chão, fazendo um enorme barulho.  Conta até vinte, vai até João e pergunta o porquê deste comportamento. Os colegas dizem que no ano anterior já era assim. Ele não fazia nada e passou de ano. Só incomodava, batia nos colegas, gritava e até foi pego em pequenos furtos. Ele se vira para professora e diz: “Você não manda em mim, ninguém
manda em mim e eu faço o que eu quero”.
Este relato me deixou bastante indignada e para relaxar leio a Revista Veja (23 de fevereiro 2011) que o MEC (Ministério da Educação) quer abolir a repetência até o 3º ano do ensino fundamental, reduzindo a evasão escolar e o desinteresse pela escola. Não estou fazendo aqui apologia à repetência, mas será que não existem casos e casos? Será que aprovar alunos sem a mínima qualificação vai fazer com que a educação caminhe melhor? Será que este aluno relatado acima vai melhorar passando de ano sem nenhuma penalização?  Na matéria em questão citam países como Japão e França, que estão aplicando este modelo com resultados satisfatórios. Mas, será que dá para comparar o Brasil com estes países?
Quantas crianças existem nas nossas escolas sendo rotuladas de vários nomes, onde os pais ausentes insistem em deixar tudo como está. Depois deste relato penso: O João tem culpa? Não, é apenas uma criança. Os colegas de sala têm culpa? Não, pois estão ali na escola para aprender e serem respeitados. A professora tem culpa? Não, está ali na melhor das intenções. A mãe é negligente? Sim, pois sabe que o filho tem um problema e não vai à busca de ajuda.
E no final do ano o que acontece? Depois de mais um ano infernal, como prêmio pelo seu comportamento “exemplar”, João passa de ano, sem saber ler e escrever. E os colegas ficam pensando: “Mas como ele passou de ano se não faz nada na sala de aula e só incomoda?”
Para terminar, a última do João durante o lanche no refeitório. Soube que ele pegou o joelho e prensou o dedo de um coleguinha na mesa. A professora teve que deixar alguém cuidando da turma para socorrer o dedo do aluno, que sangrava muito. Não perguntem o que aconteceu com o João, pois vocês já devem saber a resposta.  De Simone Franzati.
E salve a não repetência!
*João é nome fictício. Obviamente não quero comprometer ninguém.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Comentários do Jô


Jô Soares

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!

Se É jovem, não tem experiência.
Se É velho, está superado.
Se Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Se Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Se Fala em voz alta, vive gritando.
Se Fala em tom normal, ninguém escuta.
Se Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Se Precisa faltar, é um 'turista'.
Se Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Se Não conversa, é um desligado.
Se Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Se Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Se Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Se Não brinca com a turma, é um chato.
Se Chama a atenção, é um grosso.
Se Não chama a atenção, não sabe se impor.
Se A prova é longa, não dá tempo.
Se A prova é curta, tira as chances do aluno.
Se Escreve muito, não explica.
Se Explica muito, o caderno não tem nada.
Se Fala corretamente, ninguém entende.
Se Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Se Exige, é rude.
Se Elogia, é debochado.
Se O aluno é reprovado, é perseguição.
Se O aluno é aprovado, deu 'mole'.
 

É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!
 
ATUALIZA AI ... ESTAMOS EM 2011, NADA MUDOU !!

Esta é para ser repassada mesmo.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

É hora de RENOVAÇÃO




Seminário TECNOLOGIAS (DE SI): ENSINO, DIVERSIDADE E IDENTIDADE
27 de junho de 2011
IEL – Instituto de Estudos da Linguagem
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

domingo, 22 de maio de 2011

A pior vergonha é a verdade

Muitos aqui já devem ter assistido o pronunciamento da professora Amanda Gurgel na audiência pública sobre o estado da educação no Rio Grande do Norte. Para isso, não tenho palavras para demonstrar o quanto concordo com ela e complemento que isso é apenas o reflexo de nossa nação democrática. Mostra o quanto nosso país é justo. Farei uma comparação comigo. Enquanto trabalho de segunda a sábado das 7h30 às 19hrs, nossa presidenta(e) e nossos parlamentares em Brasília trabalham de terça a quinta de 9hrs às 16h. Enquanto o meu salário sofre um aumento de $25,00 os deles sobrem aumento de 130% e 140%, respectivamente. Pois é minha gente, nossa nação democrática não pode ser imediatista a esse ponto. Porque o mais importante é locomover nossos parlamentares e não ter uma justa e igualitária distribuição de renda, tão pouco uma educação de qualidade.

domingo, 15 de maio de 2011

A "Burocratês" escolar


Você acha que a burocracia existe apenas para resolver um problema de banco ou outras coisas? Não!
Ela existe principalmente na escola. E entre os profissionais que fazem o cotidiano escolar, que muitas vezes preocupam-se apenas em discutir como seriam as coisas teoricamente, ou de ficarem tentando ser os donos da verdade, enquanto as dificuldades continuam vindo a tona. Escolhi essa tirinha de Mafalda sobre burocracia, principalmente porque ela faz uma relação entre a burocracia e um animal super lento que é a tartaruga. Particularmente, acho essa associação perfeita. Porque é exatamente dessa forma que as coisas se processam. Não apenas no ambiente escolar como também na sociedade.

De volta a idade da Pedra

Como sempre fui uma pessoa que acha que uma moeda não tem apenas um lado, mas na verdade dois. Nunca fui de me restrigir a apenas uma única verdade ou razão. Venho aqui retomar uma discussão já apresentada. Recemente postei um "artigo" sobre os dinossauros da educação. Pois bem, convivendo mais no ambiente escolar público, e conhecendo melhor minhas colegas de trabalho, encontro algumas "justificativas" para determinadas atitudes. Não quero dizer com isso, que estão acobertadas ou que estou dando razão a determinadas práticas. Mas, acredito que tudo acontece dentro de um contexto. E que devemos compreender essas atitudes dentro desse contexto. Lembrando, compreender é diferente de aceitar. Nos últimos dias fizemos uma reunião de pais e mestres nessa escola em que trabalho. Pasmem, pois minha turma tem 30 alunos, compareceram apenas 2 pais, ou seja, nem 10% dos pais estavam presentes. Dessa forma, podemos perceber o quanto os pais são participativos. Levando em consideração a participação dos pais na vida escolar de seus filhos, pode-se imaginar como são os alunos em sala de aula. Muitas vezes, os professores não apenas na escola pública, mas principalmente nela, acabam deixando de lado o ensino, e concentrando na sala de aula, em aspectos disciplinares. Já que a grande maioria dos alunos não conhecem regras, educação, enfim, alguns pressupostos necessários para o convívio social. Diante disso, esse profissional se vê em duas situações, ou disciplino ou dou aula. Bom, muita gente se horroriza quando vê alunos de escola pública chegando ao quinto ano, sem fazer a devida compreensão de textos escritos. Mas, podemos agora entender porque nossos alunos chegam em turmas tão avançadas com um rendimento tão baixo.